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Entre rosas e livros

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Mensagem  AmandaB37 Qui maio 08, 2014 5:00 pm

Aos 16 anos uma garota tem muitas ocupações; o namoradinho novo, a discussão com a melhor amiga, a roupa nova que deseja; eu só queria arrumar a minha vida. Depois da morte dos meus pais em um acidente de carro minha guarda foi dada a um casal de tios distante visto que eu não tinha nenhum parente próximo, essa situação foi bem desagradável tanto para mim quanto para eles, que não gostaram nada da ideia de ter que "cuidar" de uma sobrinha adolescente. Como eu já trabalhava e poderia me sustentar resolvi aceitar o convite de um amigo que procurava alguém para dividir a casa...um suspiro de alívio para mim, para meu amigo, e claro para os meus tios.
 
  Henrique era mais colega do que amigo, mal conseguíamos nos ver tampouco conversar. Eu saía do trabalho por volta das 16 horas e ele por volta das 18, mas logo em seguida já saía a convite de um amigo ou de alguma menina com quem ele estivesse saindo. Então, durante a noite, a casa ficava toda para mim e muitas vezes a solidão era a única testemunha das minhas lágrimas. Um conforto era pensar que logo as minhas noites também seriam ocupadas pois o ano letivo estava para começar. Eu havia acabado de cursar o primeiro ano do ensino médio e como o acidente aconteceu no final de novembro acabei tendo férias mais longas nesse ano.
 
  Cheguei do trabalho especialmente triste naquele dia, decidi passar uma maquiagem para disfarçar as olheiras e o semblante cansado, eu costumava ser muito vaidosa mas os últimos meses tinham sido tão difíceis. Pensei várias vezes em não ir à aula, afinal de contas seria apenas o primeiro dia, mas a contemplação da casa vazia enquanto começava a escurecer me impulsionou a sair.
 
_Amanda! Que saudade! Você não me ligou, não me procurou então eu achei melhor não te importunar, como você está? E essa cara? Me dá um abraço...
  Beto falava sem parar, não lhe tiro a razão, eu realmente havia sumido por uns tempos. Era meu melhor amigo, talvez o único, e era lindo, eu sempre brincava dizendo que se ele não fosse gay seriamos namorados, algumas pessoas achavam que éramos mesmo, afinal não desgrudávamos um do outro, por isso entendo sua agonia com falta de noticias minhas. Também era meu único confidente, o único que sabia da minha orientação, não que eu tivesse vergonha, só não conseguia me encaixar em nenhum grupo , você sabe, bissexuais sofrem preconceito por todos os lados.
 
   _Me desculpe meu anjo, eu deveria ter lhe procurado...você é o único que saberia me tirar dessa...
   _Tem alguma novidade, Amanda? Eu tenho várias... Não vamos falar sobre isso está bem? Não quero que você fique remoendo, agora você tem que pensar em você, recomeçar sua vida, antes que você entre em depressão e fique de cama. Está achando que eu vou te levar sopinha? Está muito enganada, meu bem!
  _Não disse que só você sabe animar. Eu te amo, sabia.
  _Eu também, agora vamos entrar que o sinal já tocou.

  Como eu estava feliz por ter ido à aula, ter saído de casa. Eu amava estudar, por algumas horas pelo menos eu tinha esquecido de tudo e conseguia pensar livremente. Tinha professores ótimos naquele ano e no primeiro dia você sempre tem a chance de conhecê-los melhor. Sempre sentei nas primeiras cadeiras, um pouco para prestar melhor atenção e um pouco para disfarçar a miopia.
  Durante os intervalos conversei um pouco com Beto que me contava todas as suas aventuras de férias, eu não tinha muito para contar além do que ele já sabia.
Aula de literatura, ótimo, minha matéria preferida, a professora também era nova.  Era uma mulher muito bonita por volta dos seus 40 anos, escreveu seu nome na lousa: Vera.

  É incrível como uma pequena atitude pode mudar sua percepção de tantas coisas. Um pequeno gesto é capaz de te desarmar toda. Uma pequena atitude...um sorriso. Durante sua apresentação Vera olhou para mim e sorriu. Um sorriso despretensioso, cheio de doçura; um sorriso lindo. Aquele pequeno sorriso me fez reparar: Vera era a mulher mais linda que eu já havia visto na vida.


Continua...

AmandaB37
Convidado


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